quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mistério da Fé


Eis o mistério da Fé.

            “Mistério da Fé”. Com essa exclamação pronunciada logo a seguir às palavras da consagração, o sacerdote proclama o mistério celebrado e manifesta o seu enlevo diante da conversão substancial do pão e do vinho no corpo e sangue do Senhor Jesus, realidade essa que ultrapassa toda a compreensão humana. Com efeito, a Eucaristia é por excelência ‘mistério da fé’.  ‘É o resumo e a súmula da nossa fé’. A fé da Igreja é essencialmente fé eucarística e alimenta-se, de modo particular, à mesa da Eucaristia. A fé e os sacramentos são dois aspectos complementares da vida eclesial. Suscitada pelo anúncio da Palavra de Deus, a fé é alimentada e cresce no encontro com a graça do Senhor ressuscitado que se realiza nos sacramentos: “A fé exprime-se no rito e este revigora e fortifica a fé”. Por isso, o sacramento do altar está sempre no centro da vida eclesial; ‘graças a Eucaristia, a Igreja renasce sempre de novo!” Quanto mais viva for a fé eucarística no pode de Deus, tanto mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio de uma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos. Testemunha-o a própria história da Igreja: toda a grande reforma está, de algum modo, ligada à redescoberta da fé na presença eucarística do Senhor no meio do seu povo.
O primeiro conteúdo da fé eucarística é o próprio mistério de Deus, amor trinitário. No diálogo de Jesus com Nicodemos, encontramos uma afirmação esclarecedora a tal respeito: ’ Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigênito, para que todo homem que acredita nele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jô 3,16-17). Essas palavras revelam a raiz última do dom de Deus. Na Eucaristia, Jesus não dá “alguma coisa”, mas dá-se a si mesmo; entrega o seu corpo e derrama o seu sangue. Desse modo dá a totalidade da sua própria vida, manifestando a fonte originária desse amor: ele é o Filho eterno que o Pai entregou por nós. Noutra passagem do evangelho, depois de Jesus ter saciado a multidão pela multiplicação dos pães e dos peixes, ouvimo-lo dizer aos interlocutores que vieram atrás dele até a sinagoga de Cafarnaum:”Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do céu. O pão de Deus é o que desce do céu para dar a vida ao mundo“ (Jo 6,32-33), acabando por identificar-se ele mesmo – a sua própria carne e o seu próprio sangue – com aquele pão: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu hei de dar é a minha carne que eu darei pela vida do mundo” (Jo6,51). Assim Jesus manifesta-se como pão da vida que o pai eterno dá aos homens.    

P. André Luiz Simões sdb

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